domingo, 28 de julho de 2013
A noite em que fui tua
domingo, 15 de abril de 2012
Feitiço Público
faça uma mistura ordinária
e junte a esse padê
a tal cueca milionária.
Ponha para ferver em uma chaleira:
lágrimas de senador descoberto
e alça de mala mensaleira
espere esfriar a céu aberto.
Vá amassando bem devagar
a segunda porção com a primeira
mas esteja certo de ter deixado esfriar
mexer quando as coisas estão quentes é besteira.
Ponha esse bolo nojento
no meio da Bandeira do Brasil
e enrole com o argumento
do Presidente que nada viu.
Cave um buraco bem fundo
na calçada em frente ao senado
enterre nele esse feitiço imundo
depois feche o buraco bem fechado.
Regue abundantemente todos os dias
com suor farto de operários
mais suco gástrico de barrigas vazias
e adube com probres extratos bancários.
Alí uma grande árvora dará frutos
à vizinhança da escórea
e os politicos comerão todos juntos
um fruto chamado Povo-sem-memória.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Mea culpa
Havia o gosto da espera
Vai ver, nem era...
Foi só minha imaginação
Havia um arrepio de medo
De desvendar o segredo
O intervalo entre o sim e o não
Havia mesmo uma agonia
Que varava noite e dia
Uma incômoda aflição
Havia uma cumplicidade
Um dispensar de verdade
Por se saber de antemão
Hoje, há um enorme vazio
No peito faz frio
Em meus olhos, escuridão
Na boca o amargo
Sensação de pecado
Por verter em ódio a admiração
Existe agora a procura
Será que ainda há cura?
Irei ao menos segurar tua mão?
Olhar em seus olhos
E num abraço infinito
Ouvir teu coração?
Acarinhar teus cabelos
Sentir teu cheiro
E descobrir que não fomos ilusão?
Vem comigo
Façamos sentido
Ao tempo da espera
Vem pra ser de verdade
Pra eu mostrar que na realidade
Ainda sou o que era
sábado, 19 de dezembro de 2009
Extra-alcance

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Agridoce
a própria deriva dos passos
numa semi insensatez
vivida na sombra dos fatos
insidiosa beleza da tez.
Seja antítese, seja sinestesia
veneno doce, dor e anestesia
inconstância metaforizada
é uma quimera recalcada
que assusta, que alicia.
É a descrição que se revoga
é penumbra, é transição
é aquela que sacia e afoga
a incólume erupção.
Não é porta, nem janela
curioso e proibido vão
prazer e perigo nos lábios delan
os olhos a persuasão
sedutora, sagaz, singela.
Ela tem o verso que me cala
na sede que me inocula
Bruma excita e encabula
Brum com minha prosa acasala.
sábado, 28 de novembro de 2009
Retrato Falado
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
REFÉM
afogada entre meio e extremo
sei só das coisas que escuto
do seu mel destilado em veneno.
Ela é fera e fada atrevida
persuasiva até com os ventos
coitados daqueles que não forem atentos
com a hóspede nela contida.
Não consegue disfarçar a ironia
da sutileza de seu uso e abuso
deixando um idiota sempre confuso
e assim goza de sua viril covardia.
Há uma estranha em sua morada
talvez simbiose, talvez possessão
feito máscara que foi fixada
é a dúvida, nem sim, nem não.
Voa Fênix, voa também Andorinha
sendo levada pela marcha do Carnaval
é um belo objeto do Bem e do Mal
que oferece a Maçã e a erva daninha.
E conveniente carrega um disfarce
o de ser compreendida por ninguém
mas está estampado em sua face
o olhar de socorro de uma refém.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
A hóspede

terça-feira, 13 de outubro de 2009
Anuência
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Convite
embriagando-nos no saudoso absinto
viajaremos então nos tragos do ópio.
Convido-te louca ao mundo da lua
a viver solenimente a hipocrisia
a fugir do marasmo dessa terra crua
e num dia de branco, respirar maresia.
Convido-te em risos para festas alheias
desnudos de toda vergonha assombrosa,
tiremos agora da moral as correias
e assim libertemos a virgem fogosa.
Vamos também zombar dos palhaços
deferir nossos versos em prol dos pecados
venha comigo escarrar no palácios
e delituosamente deixá-los irados.
Convido-te à morte de tudo que é são
e levar-te-ei num tango ao funeral,
se me recusares haverá um duelo então
e de tí só restará a carcaça animal.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Frenesi
ou que desenhe o chão que tu pisas?
Ofereço-te os olhos rasos e brisas
mas sou volúpia que arde e inflama.
Que doa então a prazerosa mentira
pois não me excita a verdade tão crua,
sou pecado da luxúria à ira
de verdade quero tua entrega, quente e nua.
É tolice ansiar o desprezo
sê fiel ao que realmente fulgura,
é certo que por vezes deslizo
mas eterno é o minuto que dura.
Tu és pedra e eu a água que esculpe
que te banha ainda que tu te endureças,
não esperes que pelo mal me desculpe
pois eu sou tua melhor das sentenças.
Tua mente ao prazer é bloqueio
e não se engane buscando constância,
na dor e comédia é que eu te rodeio
mas se estátua, terás minha distância.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Eupatia
não quero olhos rasos, nem quero sua compaixão,
não quero palavras amenas,
me inaugurastes fria e de pés no chão.
Quero o axioma por mais que doa,
quero a expressão simples de quem ignora,
quero teu gesto mesmo que à toa,
mas quero tua verdade agora.
Ainda que a realidade não seja a desejada,
ainda que tua existência me despreze,
melhor que a dúvida velada:
é a certeza que me endurece.
E talvez quem sabe, empedernida então,
eu possa resolver tudo de uma vez:
clarear essa densa escuridão,
e, enfim, me curar do mal que você me fez.
Mas ainda insisto em minha ciropedia,
imagino-te meu, imagino-me tua,
e mesmo que te pareças minha dor uma comédia,
é essa minha instância etérea e nua.
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Nocturna
fulgaz entre os becos discretos
um trago e chama num leve sussurro
e entorpece futuros funestos.
A lua que assiste aos degredos
alumia o corpo dosado em luxúria
sua tez penumbrada em segredos
receosa calmaria ou fúria.
Brindes e drinques à sargeta
errante no êxtase insensato
liberta a sua abjeta faceta
nos desvairos dum orgasmo abstrato.
Sobe o aclive com os saltos na mão
cerrando os olhos à luz da alvorada
derradeiro gole de glória ou perdição
despede-se do dia, fugindo desonrada.
No aguardo da noite que desce
ficaria à espreita da escura redenção
mas o pecado que nasce também padece
e nem o Crepúsculo traz ressurreição.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Noctívaga

Boca escarlate exibida com altivez
nas mãos carrega o copo cheio
faróis confundem a diminuta lucidez
o torpe e a razão a dividem ao meio
Olhos famintos convidam ao pecado
o corpo a mostra desperta o desejo
quem passou por ela diz ter sido marcado
quem provou seus lábios quer mais que beijo
Tropeços e sustos em muros pulados
labirintos tomados por guarda paralela
desmentem que à noite todos os gatos são pardos
deixam mais insana a busca que não é só dela
Com o salto quebrado em acidentada ladeira
encontra, enfim, nos becos o vício
queria a viagem e não viu fronteiras
sentidos em órbita e depois: suplício
Maculas e lágrimas enquanto o mundo dorme em paz
ela espera a aurora para sua redenção
ao se perceber incólume, ela jura: nunca mais
e ávida espera por mais um crepúsculo de perdição