segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A hóspede


A hóspede

Ela desfruta dessa vida
como sedento saciando no poço
a sede da euforia incontida
sorrindo à garganta do fosso.

Ela anda carregada pela força
desses ventos litorais
com um caminhar faceiro de moça
apesar dos vividos carnavais.

Prefere dos extremos, o meio
apenas quando lhe convém
porque há nela um anseio
de ser compreendida por ninguém.

Carrega nos olhos uma doçura
dessas que a dor encurta
mas logo descobre quem procura
sua saliva de cicuta.

Ela não pede, ordena
com uma autoridade tão sutil
deixando em quem obedece a sensação amena
de que ela de fato pediu.

Dissimulada em pele lisa
enroscada e comovente
ela inocula em quem a pisa
o seu veneno de serpente.

Indiferente diante dos tombos
das costumeiras rasteiras da vida
vai se reerguendo sobre seus escombros
essa nix renascida.

Ela traz consigo um segredo:
a simbiose de demônio e querubim
e aceito servil esse degredo
de ela e eu morarmos em mim.

13 comentários:

  1. Não sei por onde começar o comentário a não ser dizendo que ficou fantástica a poesia. É simplesmente instigadora, é a mulher que usufruta da vida e usa do homem. A mulher que interessa é aquela que realmente é essa simbiose de demônio e querubim....dessa forma fico eu aqui, completamente rendido e interessado...

    bjos minha mestra poetisa!

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  2. A recompensa de uma alma que escreve é encontrar uma que leia. Por isso sigo escrevendo com a minha, para que me leia com a sua...

    Discordo que essa mulher que acolhe a simbiose interesse aos homens, na minha opinião, elas assustam - pelo menos aos comuns.

    Beijos, poeta!

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  3. Amada, ADOREI essa poesia. Acho que estou tendo uma professora incrível. Quem sabe não encontrei um dom com você. Parabéns!!!
    Beijo

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  4. Linda, a poesia está tão maravilhosa que não sei o que dizer além disso. Sabe que não tenho jeito com essas coisas. Também a escolha da ilustração foi perfeita, as duas juntas como você e a "hóspede", a loira e a morena, demais. Parabéns!

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  5. Hummm...se continuar assim nem sei onde vou parar...com minhas fantasias e mistura com suas palavras solta ao vento...rsrsrs, quer dizer, nas suas belas poesias!
    Parabéns! Estou totalmente envolvida com suas poesias...

    Beijos no ♥...

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  6. Bruma,

    Eu não sei comentar poemas. Eles sentem-se ou não, e, eu tenho dificuldade em encontrar palavras para os sentimentos. Não sou poeta. Sou leitora, às vezes devoradora.
    Posso dizer-te que senti o teu poema. Ele arrepiou-me a pele.

    Beijos
    Luísa

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    1. Quanta sensibilidade, Luisa ...obrigada por ler-me dessa forma.

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  7. Ora, vivendo e aprdendeno!!
    Tô vendo que, a cada dia, aparecendo mais um(a) poeta(isa), essa comunidade de sentimentos e intentos nobres ao brincar com as letras, aumenta e eu vou ficando mais cercado de pessoas afins!!

    Essa mulher, esse amor, esse amálgama de be/mal, instalado em vc, tbm vive em mim. Pois esse amor não é apenas individuado, é o yin-yang dançando uma valsa em cada um de nós!!

    BJs Bruma!!

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  8. In Tentationem
    _______________


    Esse amálgama de bem e mal,
    Instalado no fundo de você,
    Levanta turbilhão colossal;
    Quem te viu, quem te vê??

    Uma valsa no barro e na lama.
    Adão e Eva, odeia ou ama?
    Só mostras que escondes sob o véu
    A chama do inferno. Não, é o céu!!

    Não sei distinguir de que mundo és,
    Não sei dizer seés cordeiro ou serpente.
    Mas, de perfil, te vejo naquele convés,
    De preto e vermelho, pura e indecente.

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  9. Extremamente belasegunda-feira,"A hóspede"seguindo na inspirada face da dúvida feminina,incorporada em tôda a meiguisse...Muito calmante e deliciosa poesia!!Parabéns!!!

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