terça-feira, 13 de outubro de 2009

Anuência

A tão sedutor convite, poeta
não ousaria jamais declinar
mas adianto o sentimento que lhe afeta:
é o louco desejo de violar.

Profanemos assim os santos costumes
aceito seus ares respirar
mas prometa-me que sairemos impunes
depois de ao bárbaro nos entregar.

Terei que abrir mão de uma antiga interna ordem
para na satisfação clandestina mergulhar
os cães do preconceito,os calcanhares me mordem
de minha submissão espartana precisarei me livrar.

Permito-me agora o sujo e o inapropriado
quero no lodo do delito a alma macular
confesso-te o que há muito tenho guardado:
sempre quis no inferno dançar.

Certa de estar flertando livremente com o vil
saboreando o momento insano
celebro em êxtase a convicção que ruiu
morreu a hipocrisia, inauguro em mim o humano.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Convite

Convite

Convido-te poetisa ao meu ócio
embriagando-nos no saudoso absinto
por não saber nem mais o que sinto
viajaremos então nos tragos do ópio.

Convido-te louca ao mundo da lua
a viver solenimente a hipocrisia
a fugir do marasmo dessa terra crua
e num dia de branco, respirar maresia.

Convido-te em risos para festas alheias
desnudos de toda vergonha assombrosa,
tiremos agora da moral as correias
e assim libertemos a virgem fogosa.

Vamos também zombar dos palhaços
deferir nossos versos em prol dos pecados
venha comigo escarrar no palácios
e delituosamente deixá-los irados.

Convido-te à morte de tudo que é são
e levar-te-ei num tango ao funeral,
se me recusares haverá um duelo então
e de só restará a carcaça animal.