A tão sedutor convite, poeta
não ousaria jamais declinar
mas adianto o sentimento que lhe afeta:
é o louco desejo de violar.
Profanemos assim os santos costumes
aceito seus ares respirar
mas prometa-me que sairemos impunes
depois de ao bárbaro nos entregar.
Terei que abrir mão de uma antiga interna ordem
para na satisfação clandestina mergulhar
os cães do preconceito,os calcanhares me mordem
de minha submissão espartana precisarei me livrar.
Permito-me agora o sujo e o inapropriado
quero no lodo do delito a alma macular
confesso-te o que há muito tenho guardado:
sempre quis no inferno dançar.
Certa de estar flertando livremente com o vil
saboreando o momento insano
celebro em êxtase a convicção que ruiu
morreu a hipocrisia, inauguro em mim o humano.